O campeão olímpico Aurélio Miguel é um dos grandes nomes do judô brasileiro a engrossar a torcida nas tribunas do Palais Omnisport de Bercy, ao lado de Carlos Honorato (bronze 2003) e Sebastian Pereira (bronze 99). Dono de três medalhas em mundiais (bronze 87, prata em 93 e 97), sendo a última dela conquistada justamente em Paris, Aurélio Miguel fez questão de ressaltar o bom momento vivido pelo judô brasileiro.
"O judo no Brasil vive uma fase de ouro", resumiu ele. "Em termos técnicos, além de ser uma geração muito talentosa, eles estão tendo grandes oportunidades, coisas que não tínhamos na minha época. Mas é natural: o futuro é sempre melhor do que o passado", completa o maior nome do judô brasileiro.
Frequentador assíduo dos principais eventos realizados no Brasil, o entusiasmo de Aurélio não se resume às conquistas no tatame.
"O judo brasileiro é respeitado mundialmente e, hoje, organizamos eventos no país com os quais jamais sonhei. Fiquei encantado quando estive no Rio de Janeiro durante o Grand Slam", elogia Aurélio, sem deixar de lembrar a época de gestão conturbada que viveu na Confederação Brasileira de Judô nos anos 80 e 90. "Encerrei minha carreira justamente para ajudar na transição de uma gestão conturbada. A maior virtude do presidente Paulo Wanderley foi montar uma equipe competente em todas as áreas e descentralizar as ações", continua.
Sentado no camarote bem em frente à área 4 de Bercy, Aurélio viu passar "um filme" em sua cabeça: a "reprise" da final do Mundial de 97, contra o polonês Pawel Nastula.
"Foi na decisão dos árbitros bem na área aqui na frente. E hoje, ao chegar, encontrei logo um dos árbitros que deu a bandeira para ele", disse, rindo. "Bercy continua igual a quando lutei aqui 15 anos atrás. E o bom é que a torcida entende de judô".
Sobre os resultados no Mundial, Aurélio prefere não arriscar. Mas não deixa de demonstrar seu optimismo em relação à equipe brasileira:
"Vejo tanto o feminino quanto o masculino voltando para casa com uma, duas medalhas cada. Mas judô é imprevisível. E ninguém ganha de véspera", diz o experiente judoca, para em seguida falar especificamente das meninas. "Acredito que em Londres 2012 elas já vão fazer uma boa campanha. Mas a consagração do feminino será no Rio 2016", prevê.
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