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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Herói haitiano luta para reerguer o país.

Joel Brutus perdeu o técnico no terremoto que abalou o Haiti.

Faz 15 anos que Joel Brutus trocou o incerto Haiti pela esperança de um futuro melhor nos Estados Unidos. A partida não diminuiu em nada seu patriotismo. Pelo contrário. Brutus estudou, treinou e vingou no judô. Ganhou duas medalhas em Jogos Pan-Americanos e o direito de portar a bandeira de seu país na cerimônia de abertura da Olimpíada de Pequim, em 2008.

Há 13 dias, o herói da nação mais pobre das Américas entrou em choque. Soube por um amigo, também judoca, que pouco restara de sua cidade natal, Porto Príncipe. Um terremoto de sete graus na escala Richter destruiu inúmeros prédios e ocasionou milhares de mortes. Das primeiras notícias, uma acertou Brutus em cheio, como um ippon:

- Eu perdi meu sensei, Jean-Claude Gessoird. Ele, que me ensinou o que sei sobre judô, morreu, assim como sua esposa e seus filhos. Foi um golpe muito duro - afirmou ao LANCENET! o judoca, de 35 anos.

Mesmo quase duas semanas após o auge da tragédia, o contato com o Haiti é difícil. Apesar de sua família ter passado incólume ao abalo, Brutus disse que desde o primeiro momento tenta falar com a federação de judô do país, sem sucesso. Não sabe quem está vivo ou morto, e o fato de viver no exterior só faz aumentar o anseio.

- Perdi amigos e pessoas com quem cresci. Eu nasci exatamente na área onde tudo aconteceu. Fiquei muito chocado. Na verdade, ainda estou. Não quero acreditar - revelou.

Brutus foi o responsável pela única medalha do Haiti nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007. Ganhou, nos tatames, o bronze na categoria pesado (acima de 100 kg).

O judoca sabe de sua condição de ídolo local e já se manifesta para ajudar sua nação a se reintegrar. Ele tem se mexido para mobilizar pessoas e órgãos americanos na região em que reside - Brutus mora em Fredericksburg, no estado da Virgínia, com a mulher e seus dois filhos.

Segundo contou, as próprias autoridades haitianas incumbiram-no de angariar recursos. A ordem é guardar o quimono e vestir terno.

- Não voltarei para o Haiti por ora, minha presença nos EUA é importante. Daqui posso contribuir e gerar dinheiro. Terei encontros aqui, porque as autoridades que estão no poder me contataram para eu ser uma "ferramenta" para levantar dinheiro - disse Brutus.

Após a Olimpíada de Pequim, na qual não teve boa participação, Brutus deu um tempo no judô. Armava um retorno agora, em 2010, mas seu plano está em suspenso. Ele quer fazer parte do esforço humanitário internacional.

- Tudo está em ruínas agora, e é impossível conseguir dinheiro para treinar e competir. Mas isso é uma coisa secundária, agora. A prioridade é ajudar as pessoas - disse.

Liderar o renascimento do país será a maior medalha da carreira.

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