18 ANOS
Tinha Cassius Clay quando conquistou o primeiro ouro, diante de um adversário de 25. Hoje tem 68.
56 VITÓRIAS
Somou o pugilista, chegando ao título dos pesados e enfrentando rivais como Frazier e Foreman. Ele teve apenas 5 derrotas, em 20 anos de profissional.
1978
O ano marcou o último título de Ali, na revanche contra Spinks. Depois perdeu 2 antes de parar.
Mesmo sendo um peso pesado, Cassius Clay - que só depois seria conhecido como Ali, na sua conversão ao islamismo - ficou conhecido por combinar à força dos golpes sua ímpar característica de habilidade e agilidade, fatores que o levaram ao título mundial.
O primeiro passo do garoto negro de 18 anos, nascido em Louisville e conhecido pelo sorriso contagiante, foi em Roma, ainda lutando como um meio-pesado. Cassius Marcellus Clay foi à final contra o polonês Zbigniew Pietrzykowski, depois de ter vencido o belga Yan Becaus, o russo Gennady Shatkov, ouro nos médios em Melbourne-1956, e o australiano Tony Madigan.
O oponente pelo ouro era experiente, com 25 anos, três títulos europeus e um total de 231 lutas, além do bronze entre os médios ligeiros, quatro anos antes. Mas, com sete anos menos e um cartel de 100 vitórias e apenas cinco derrotas, Clay pensava poder resistir. Foi melhor do que isso.
“Clay passou os primeiros assaltos tentando evitar agilmente qualquer tentativa de Pietrzykowski o atacar. Mas logo no terceiro dominou seu rival para ganhar por decisão clara e unânime”, detalha David Wallechinski, em seu livro sobre os Jogos Olímpicos. No último assalto, o jogo de pernas “enlouquecido” do campeão deu uma amostra do que se veria em sua carreira profissional.
A entrevista coletiva após a vitória também foi importante por mostrar outra preocupação, fora dos ringues, a luta em favor dos negros. Questionado por um soviético sobre o fato de não poder comer em determinados restaurantes por sua cor de pele, disse que “a América é o maior país do mundo e há um monte de lugares onde posso comer, mais do que os em que não posso”, disse.
Sem desgrudar de sua medalha, foi recebido com festa em Louisville. Mas percebeu que sua fala não era bem verdade. Em sua biografia, “Muhammad Ali - O Rei do Mundo”, ele conta que parou em um restaurante só para brancos e pediu hambúrgueres, mas uma funcionária se negou a servi-lo. “Sou Cassius Clay, campeão olímpico”, clamou, sem ser ouvido.
Decepcionado, Clay jogou sua medalha no rio Ohio. Era apenas uma decisão polêmica em uma vida que não se limitou ao boxe. Ele se converteu ao islamismo, mudou de nome para Muhammad Ali, negou-se a servir o exército norte-americano na guerra contra o Vietnã e foi punido por isso e, após tantas conquistas, sofre até hoje com o mal de Parkinson, diagnosticado em 1984. Com as luvas, também viveu de altos e baixos, perdendo o cinturão, mas o recuperando contra Leon Spinks, já em fim de carreira, em 1978.
O próprio começo de Ali no boxe foi com problemas, uma vez que quando tinha 12 anos teve a bicicleta roubada. Ao encontrar com o policial Joe Martin, disse que daria uma surra no bandido se o encontrasse. “Aprenda antes a boxear”, disse a autoridade, também um treinador. Semanas depois, o garoto vencia seu primeiro combate.
A conquista do ouro olímpico alavancou Ali para o mundo do boxe profissional, estreando em outubro do mesmo ano, com triunfo por pontos. Foi o início de uma invencibilidade de quase 11 anos - por três, no entanto, foi impedido de lutar devido à recusa de ir à guerra.
Nos anos 70 é que aconteceriam suas maiores conquistas, com vitórias contra Joe Frazier, George Foreman e Chuck Wepner, entre outros, numa história que virou filmes, livros e documentários.
Muhammad Ali acende a pira olímpica em Atlanta; no mesmo ano, ganhou réplica do ouro que atirou no rio Ohio, em protesto a leis racistas dos EUA
Ouro 'reconquistado'
Depois do episódio em que conta ter jogado seu ouro olímpico no rio Ohio, Muhammad Ali voltou a ter sua medalha. Uma réplica, é verdade. O norte-americano foi homenageado durante os Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta.
Mesmo trêmulo devido à sua doença, ele acendeu a pira olímpica na cerimônia de abertura e recebeu uma réplica do que conquistara em 1960, uma forma de o país se desculpar ao campeão e mostrar o quão duro foi nascer negro em sua época, ainda que se tornando um campeão olímpico da nobre arte.
*Com agências internacionais
Do UOL Esporte*
Em São Paulo
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