Do UOL Esporte
Em São Paulo
A seleção brasileira de judô viajou nesta quarta-feira para o Grand Prix Pan-Americano, no Panamá. A primeira edição da competição, porém, é cercada de problemas políticos. O torneio é o primeiro do ano com a chancela da Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ), órgão recém-criada em oposição à União Pan-Americana de Judô (UPJ).
As duas entidades brigam para conseguir o apoio da Federação Internacional de Judô (FIJ). A UPJ comanda o judô nas Américas há mais de 40 anos, mas nos últimos a relação com a FIJ não é das melhores. Por isso, há três anos federações nacionais dissidentes deram início ao processo para criar uma nova entidade. No ano passado, criaram a CPJ, que é presidida por Paulo Wanderley, presidente da Confederação Brasileira (CBJ). A CPJ, desde sua criação, conta com o apoio do presidente da FIJ, o romeno Marius Vizer.
Na primeira oportunidade que teve, a FIJ excluiu a UPJ. A União, então, reclamou ao TAS (Tribunal de Arbitragem), órgão supremo do mundo esportivo. Em dezembro, o tribunal suíço considerou ilegal a ação da FIJ, cancelou a exclusão e o judô nas Américas passou a ter duas entidades.
Na segunda-feira, o Instituto Panameño de Deportes, órgão governamental que coordena as atividades esportivas do país, enviou um documento oficial ao Comitê Olímpico do Panamá sobre o GP. Na carta, a diretora Farank Levy afirmou que o GP era organizado por uma entidade ilegal e não deveria ser reconhecido (leia o documento ofical).
O texto panamenho, porém, afirma que o TAS considerou que a CPJ não era uma entidade válida e que a UPJ era o único órgão hábil a comandar o esporte na região. Na verdade, o tribunal suíço criticou o modo como Vizer, da FIJ, e Wanderley, da CPJ, agiram no episódio, mas determinou apenas que “a exclusão da UPJ pela FIJ não era válida” e só sugeriu que as duas entidades entrassem em acordo, legal ou jurídico, sobre quem irá cuidar dos assuntos do judô pan-americano (leia o documento oficial do TAS).
Outro ponto polêmico do torneio é a organização. Segundo a carta do Instituto, o responsável pela competição é Jorge F. Armada Sánchez, com a chancela da Confederação Panamenha de Judô. Essa entidade, porém, não é reconhecida pelos órgãos esportivos panamenhos – o órgão responsável pelo judô no local é a Federação Panamenha de Judô.
A presença do Brasil na competição, aliás, também é uma estratégia política. O presidente da CBJ é também o mandatário da CPJ e a estratégia de reconhecimento do órgão é justamente a organização de campeonatos fortes, com a presença dos principais atletas do continente. O plano é mostrar que a elite do judô nas Américas é filiada à CPJ, não à UPJ.
Apesar disso, a CBJ não vai enviar sua principal equipe – atletas como os medalhistas olímpicos Tiago Camilo e Leandro Guilheiro ou o campeão mundial Luciano Correa estavam disputando o circuito europeu. Mesmo assim, o time tem nomes como Leandro Cunha, principal atleta dos meio-leves (66kg), Rafael Silva, campeã mundial junior dos leves (57kg) e Hugo Pessanha, nono colocado do ranking mundial dos médios (90kg).
Vão representar o país Taciana Lima (48kg), Raquel Silva (52kg), Rafaela Silva (57kg), Danielli Yuri (63kg), Helena Romanelli (70kg), Stefani Luppetti (78kg), Aline Puglia (+78kg), Felipe Kitadai (60kg), Leandro Cunha (66kg), Bruno Mendonça (73kg), Guilherme Luna (81kg), Hugo Pessanha (90kg), Alex Reiller (100kg) e Rafael Silva (+100kg).
Além disso, o torneio também vale para o ranking pan-americano, que vai decidir os classificados para o Pan de Guadalajara, no ano que vem. “Esta competição é importante para o país, pois vale vaga para um evento de peso como os Jogos Pan-Americanos. A equipe é composta de atletas experientes e jovens que estão lutando pelo seu lugar ao sol. Acredito que todos estão indo com muita vontade de representar o Brasil e também de demonstrar que pode fazê-lo muito bem”, diz o chefe da delegação brasileira no Grand Prix Pan-Americano, Amadeu Moura Júnior.
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