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terça-feira, 16 de março de 2010

O maior Judoca Brasileiro de todos os tempos!




Entrevista publicada na Revista Pegada – Edição 14

Aurélio Miguel

Nome: Aurélio Fernandez Miguel
Naturalidade: São Paulo - SP
Nascimento: 10 de março de 1964
Modalidade: judô
Faixa preta desde: 1980, com 16 anos
Equipes que participou: Santo André/Pirelli; São Caetano; Guarulhos; Flamengo;
Principais Títulos: Campeão Olímpico nos Jogos de Seul em 1988; Medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996; Vice-campeão Mundial em 1993 (Canadá) e 1997 (Alemanha); Medalha de Bronze no Mundial de 1987 (Alemanha); Campeão Mundial Júnior (1983 Porto Rico); Campeão Mundial Universitário (1984, França); Campeão dos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis (1987); Campeão Pan-Americano em 1982/85/86/88/92/96 e 97; Eleito o Atleta do Século XX pela União Pan-Americana de Judô e eleito um dos 50 melhores judocas de todos os tempos pela Federação Internacional de Judô (FIJ).
Patrocinadores: Não tem

Quando foi o seu primeiro contato com as artes marciais?

Foi na academia de judô do São Paulo FC.

Quem é o seu mestre?

Foi com o sensei Massao Shinohara que comecei a tomar melhor conhecimento do judô. Até hoje, quando posso, treino lá.

Sempre foi só o judô ou já praticou algum outro esporte?

O judô é o único esporte que pratiquei competitivamente.

Você compete desde pequeno. Como foi seu começo como atleta, tanto nas competições como nos treinos?

Com pouco mais de 4 anos, por indicação médica, comecei a treinar judô. Aos 7 anos fiz minha estréia nas competições. De início detestei. Escapava como podia, mas meu pai era durão e exigia que eu lutasse. Eu e meu irmão, o Carlão, treinávamos todos os dias. Não tinha moleza. O meu primeiro título veio em 1972 quando me sagrei campeão pré-mirim do Torneio Budokan. Em 1980 eu já era campeão paulista.

Como foi viajar para o Japão pela 1ª vez para treinar? E qual a sua relação com este país, já que voltou várias vezes?

Desde 1982 já fui ao Japão 25 vezes. Foi tudo novidade, mas também muito importante para minha carreira. Aprendi muito com os japoneses. Sempre que pude, antes de competições importantes, procurava-me ‘internar’ no Japão para um período de treinos e concentração.

Qual foi a sua primeira grande conquista no esporte?

Foi em 1982, na Finlândia. Terminei na segunda colocação no Mundial Universitário e descobri que os estrangeiros não eram invencíveis. Cresci muito a partir dessa constatação. Foi mais o menos o que aconteceu com a seleção brasileira de futebol de 1958, quando ganhou a Copa do Mundo e, como disse o Nélson Rodriguez, perdeu o ‘complexo de barata’.

Como é representar o Brasil na maior competição esportiva do mundo e ainda ouvir o Hino Nacional em Seul (1988)?

Não há competição mais difícil que os Jogos Olímpicos. Além de ser um duro embate técnico, há uma forte pressão psicológica que os próprios atletas se colocam. É indescritível estar no pódio, escutar o Hino Nacional e ver subir a bandeira do País. Foi à maior emoção já vivida por mim como atleta.

E esta conquista teve um sabor diferente, já que na Olimpíada anterior (Los Angeles - 1984) você havia sido cortado por motivos políticos?

Foi muito bom ganhar em Seul. Em relação aos Jogos de Los Angeles, ficou para sempre uma dúvida: se tivesse competido lá em 88, eu estaria conquistando a minha segunda medalha de ouro olímpica?

E como foi este período longe das competições oficiais e, resumindo, quais foram às principais reivindicações para a sua volta aos tatames?

Em 1989, um grupo de judocas do qual eu fazia parte, rompeu com a Confederação Brasileira de Judô. Autoritarismo, injustiças, maus tratos aos atletas e pouco respeito no trato com o dinheiro foram alguns dos motivos que nos levou a tomar essa decisão, às vésperas do Mundial de 89. Somente fizemos um acordo com a CBJ no começo de 1992. Tivemos nossas principais reivindicações atendidas, principalmente as que disciplinavam as convocações para as seleções nacionais. Com esse acordo acabamos conquistando a medalha de ouro em Barcelona com o Rogério Sampaio. No meu caso, o longo tempo fora das competições acabou me prejudicando. Além disso, já sofria com o ombro esquerdo que acabei operando em novembro de 92.

Conte-nos a sua busca pelo título mundial e, principalmente sobre a final em 97 contra o polonês Pawel Nastula.

O único título importante do judô mundial que não conquistei foi o de campeão sênior. Bati na trave em duas oportunidades. Em 93, no Mundial de Hamilton (Canadá) e em 97, em Paris. Nessa última oportunidade eu estava em excelente forma. Mas o polonês Pawel Nastula, meu adversário na final, contou com o beneplácito da arbitragem que não puniu o seu anti-judô. Ele fugiu da luta o tempo todo. Participei de três campeonatos mundiais e subi ao pódio em todos.

Todos nós sabemos que você nunca parou de lutar, mas como foi a mudança da luta nos tatames pela luta política?

O judô é um esporte individual. Mas é muito difícil conseguir algo na modalidade sem contar com o apoio de uma equipe. Ninguém treina só. Na política é igual. Eu sou o vereador, mas é necessário contar com o apoio de um grupo de assessores e, principalmente, com a colaboração de uma comunidade. Não tive muitas dificuldades em me adaptar, mas continuo a seguir as lições aprendidas no judô: humildade, determinação e respeito.

Como foi a idéia de criar o Dia do Jiu-Jitsu?

O jiu-jitsu é o ‘pai’ do judô. É uma modalidade esportiva que representa muito bem o Brasil. Tenho muitos amigos entre os atletas desse esporte. É justo que essa prática esportiva tenha um dia para que se lembre da sua importância. Eu fiquei muito feliz em poder propor a criação de uma data municipal em homenagem ao jiu-jitsu.

Quais são seus planos, já que neste ano acaba o mandato?

Por uma decisão de meu partido, o PR, vou concorrer à reeleição. Mas antes disso darei seqüência ao trabalho que venho realizando nessa legislatura.

Com o pouco tempo que sobra, ainda dá tempo de cair num tatame de vez em quando?

Infelizmente a agenda de trabalho de um vereador é muito complicada. Difícil reservar algum espaço para treinos. Sinto falta disso e tenho ganhado alguns quilinhos a mais.

Qual a mensagem que você deixa para nossos leitores, mesmo sendo eles praticantes de Jiu-Jitsu, MMA, Muay Thai ou qualquer outra arte marcial?

Perseverança. Em qualquer atividade humana essa é uma regra básica. Nada se consegue sem sacrifícios e renúncias. O progresso em uma arte marcial exige dedicação e respeito aos ensinamentos dos mestres.
Data: 16/07/2009 14:42:00
Fonte: Revista Pegada

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