Com isso desestimulou muitas mulheres à pratica destes esportes na adolescencia, quando todas querem colocar em prática seus ensinamentos e quando começa as autoafirmações. Porém Soraia não desistiu da sua grande paixão e passoau a treinar apenas com meninos, e com sua força e sua altura de 1,70m, à colocava em pé de igualdade com os seus companheiros de treino. Em 1979, a lei foi revogada e no Brasil começou as organizações de competições de judô nas categorias femininas.
Em 1980, Soraia disputou o primeiro Campeonato Mundial de Judô Feminino em Nova Iorque, EUA, perdeu na primeira rodada rodada, assim como todas as atletas brasileiras, que foram prejudicadas por uma lei estapafúrdia, não as dando experiencia competitiva que as européias e as asiáticas já possuiam. Apesar do final da lei, a CBJ, não dava apoio algum para as judocas da equipe feminina, seguindo em segundo plano, apenas para dizer que tinham atletas mulheres.
Em 1983, no Panamericano de Caracas, na Venezuela, o primeiro Panamericano com disputas de judô feminino, Soraia conquistou a medalha de bronze na categoria pesado, tornando – se pioneira em medalhas no judô feminino, juntamente com Inês Nazareth (prata, categoria ligeiro), Tânia Ishii (bronze, categoria leve), Lidia Carla (bronze – categoria meio-médio) e Solange Pessoa (bronze, categoria meio-leve).
Para o Panamericano de Havana, em 1985, Soraia recebeu uma notícia que no meio do esporte é uma prática muito comum usada por alguns técnicos e dirigentes, porém condenada pelos profissionaias de Educação Física, pois ela teria que perder 13 Kg, para poder lutar na categoria meio-pesado – 72 Kg. Como discussões não eram permitidas, ela acatou as ordens e passou as festas de fim de ano praticamente sem comer, porém a fome foi um combustível para a sua determinação e garra de Soraia que sagrou-se vice-campeã nas categorias meio-pesado e absoluto.
Nos Jogos Panamericanos de Indianápolis - EUA, em 1987, o Brasil fez a sua melhor campanha no judô feminino até então, com Soraia André conquistando a medalha de ouro na categori meio-pesado, juntamente com Mônica Angelucci (ouro, categoria ligeiro), Soraya Carvalho (bronze, categoria meio-médio), Rosemeri Salvador (bronze, categoria pesado) e Ivana Santana (bronze, categoria absoluto).
Nas Olimpíadas de Seul, em 1988, judô feminino passou a ser esporte de exibição, não valia medalha, e Soraia participou. Mas o interessante é relatar a falta de apoio que as atletas enfrentavam por parte da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e de seus dirigentes, pois a técnica da seleção feminina era a filha do entãoi presidente da Confederação, que era negligente, pois nem aparecia para dar suporte as atletas.
Soraia continuou no cenário internacional, participou do Mundial de judô em 1990 e foi bronze na categoria absoluto nos Jogos Panamericano de Havana – Cuba,conseguindo a sua classificação aos Jogos Olímpicos de Barcelona - Espanha, em 1992, que agora sim valia pódium. Ainda em 1992, Soraia André, já era conhecida internacionalmente e tinha amigas que eram atletas estrangeiras e descobriu que cada atleta que desputava campeonatos e torneios internacionais, teriam direito a um prêmio, simbólico, porém um prêmio, como reconhecimento e insentivo. A CBJ nunca havia lhe entregue prêmio algum por 10 anos integrando a seleção brasileira de judô.
Ela então foi reclamar por seus direitos na CBJ, dizendo que se não ganhasse o dinheiro que seria dado por direito, que iria reclamar no Comitê Olimpico Internacional e no Comitê Organizador do Mundiais. Até que a CBJ pagou-lhe o seu prêmio e deu um basta na sua carreira em ascenssão. Soraia André estava com 28 anos e meses após a sua reclamação, a CBJ baixou uma resolução dizendo que apenas atletas com menos de 28 anos poderiam integrar a Seleção Brasileira de Judô. A resolução da CBJ foi noticiado nos maiores veículos de comunicação da época, chegando a sair a seguinte manchete em um jornal :” O judô de Soraia André não serve mais para a CBJ”, realmente explicitando que as reinvindicações dos seus direitos e de todos os atletas, não era do interesse da CBJ ter uma atleta que luta pelas coisas certas e pelos seus direitos, parecia que ela ainda estava vivendo uma ditadura mascarada da confederação com seus mandos e desmandos covardes e vil. Contudo Soraia teve espírito de equipe e não denunciou o CBJ ao Japão, pois a Seleção Brasileira acabaria sendo expulsa das competições internacionais.
Em 1993 houve a Seletiva para a formação da seleção de judô que se realizou no Rio de Janeiro, para os Jogos Olimpicos de Atlanta. A CBJ deu um ippon em suas pretenções de ir a mais uma olimpíadas, proibindo-lhe a participar da seletiva.
Em forma de protesto, Soraia apareceu de judogui preto no ginásio no Rj, onde se realizava a seletiva, pois a midia esportiva cobria o evento pois estavam participando dois campeões olimpicos, Aurélio Miguel – Seul 1988, e Rogério Sampaio – Barcelona 1992. Judogui preto sim, com suas medalhas conquistadas em Panamericanas e Sulamericanas, em sinal de luto, um protesto silencioso e solitáriona arquibancada. O seu silêncio gritava à sua indignação, as injustiças e a falta de reconhecimento. Em silêncio Soraia permaneceu até ir embora e com isso ofuscou a seletiva, toda a imprensa noticiou o seu protesto silencioso.
Soraia André é a precursora do Judô feminino no Brasil, lutou contra todas as barreiras, e quando achavam que a tinham vencido, assim mesmo encontrou forças para continuar lutando,e graças a essa força que nós mulheres e judoca temos o nosso espaço no judô nacional.
Para mim é um Honra e um grande prazer fazer esta matéria, pois fiz um pouquinho parte desta historia.
No final dos anos 70 e no começo dos anos 80 treinei junto com Soraia na Associação de Judô Imirim com Sensei Gakiya e outros.
Tenho ótimas lembranças desta épocas varias historias que prometo contar em outro post ok
Parabéns Soraia de toda família Judô
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